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domingo, 31 de julho de 2011

Ninguém disse que seria fácil...

Agora é brigar com a memória, me esforçar para não ficar remoendo tudo e evitar o sofrimento. Ontem eu busquei conforto conversando com um amigo no telefone e ele citou algumas vezes uma coisa que me inspirou para encarar essa fase da minha vida:

"A dor é inevitável;
O sofrimento é opcional."

Carlos Drummond de Andrade
Depois de ele repetir algumas vezes, eu fui reparando que cada vez que ele falava isso a minha força aumentava, não para não sentir dor, mas para afastar o sofrimento. Machuca mesmo e muito sentir o que eu estou sentindo agora, mas quando a gente se convence de que vai ficar melhor de um jeito, é difícil se convencer do contrário, ainda que escolher manter as coisas como estão seja mais cômodo.
É que às vezes, o caminho mais difícil, ainda nos parece o mais certo, mesmo que signifique rearrumar o quarto, tirar as coisas que atiçam a memória e andar com lenços em baixo do braço, só para ter certeza que as lágrimas não marquem o caminho. Mesmo que signifique encarar uma realidade que não se pretendia encarar por agora e que signifique dizer a todo mundo que ele não vem ou que não, você não precisa de um convite extra. Mesmo que você não saiba que não tem mais em quem deitar para ver televisão ou alguém para te avisar que a cena já mudou e que você já pode olhar e, principalmente, que não vai ter aquela mão muda na sua perna durante o cinema, só pra te lembrar de que você foi acompanhada. Acho que o pior de tudo é não ter ninguém para rir do meu lado quando eu fizer alguma besteira e, considerando que eu vivo fazendo besteira, vai ser bem difícil ignorar que eu abri mão disso por causa de algumas coisas que perto dessa falta vão parecer tão ínfimas.
Acordar e ir dormir sem ouvir uma voz distante, sem conversar sobre o dia com alguém que você sabe que está muito interessado, mesmo. Não ter companhia para os almoços de família, nem para aqueles momentos em que não se quer fazer nada. Não ter com quem brincar quando o Inter jogar contra o Fogão e não poder mais reclamar dos posteres de time em todo quarto. Ninguém mais para revisar os meus textos nem para me dizer o que fazer quando der tudo errado em algum programa no computador.
É... ninguém disse que ia ser fácil. Mas até ontem eu não tinha realizado que ia ser tão difícil. Enfim, chega desses pensamentos, tenho certeza de que isso vai fazer muito bem para nós dois, como já nos fizemos tão bem, amor.
Hora de me concentrar em outras coisas e pensar no "daqui pra frente". Agora a memória é bagagem leve, bem gostosa de se carregar. 
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

Clarice Lispector
Mantenho a página; começo um novo capítulo.

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