A ideia do blog é simples, criar um espaço em que eu possa falar sobre o que quiser e quando quiser, expor, analisar, comentar, reclamar, enfim, compartilhar com quem me acompanha tudo que eu achar relevante. Espero que vocês curtam o blog e participem. (:

domingo, 31 de outubro de 2010

"Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, (...)

(...) simplesmente serão governados por aqueles que gostam." Platão sabia muito bem do que estava falando. Ele foi um dos pensadores mais apaixonados por política que a antiguidade conheceu. E é, até hoje, referência no assunto.
Ele diz em uma frase a maior verdade sobre governar e ser governado: que são duas condições distintas apenas por uma característica, a vontade e a capacidade de poder. Ou então pela ignorância de quem coloca nossos governantes lá no alto, no pulo do gato.
Tem gente que quer e que merece estar onde está. Tem gente que sabe o que faz e que mesmo não sendo 100% é suficiente, porque 100% ninguém é. Pelo menos, ninguém de quem eu já tenha ouvido falar e ninguém que o povo tenha visto ocupar um cargo público. Tem gente que simplesmente nasceu para a política e tem outros que nasceram políticos e há uma diferença enorme entre essas pessoas; há aquelas que se interessam e aquelas que têm interesses... Há ainda, aquelas que sabem fazer e as outras que sabem falar. Político por político, há de todos os tipos por aí. E sempre vai ter. A gente é que é responsável por selecioná-los.
O que estraga mesmo, são os eleitores. Os eleitores reclamam do sistema, mas votam em quem continua com ele. Reclamam que o Brasil não é um país sério, mas elegem o Tirica e o Romário... Dizem que política é jogo de interesse, mas votam cegamente em quem corresponde aos seus interesses. Pois é, e aí? O sujo falando do mal lavado.
Pronto, o post hoje vai ser curto mesmo. Hoje foi dia de eleição e logo mais sai o resultado, vamos sair da internet e esperar para ver que rumo toma a "politicagem" brasileira.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Renata I

Quando Renata era pequena, sua mãe a ensinou que se deve a amar e deixar ser amada, que gentileza gera gentileza e que respeito é o mais importante de tudo.
Renata foi aprendendo que sentimentos são a base de todas as relações sociais, que tudo gira em torno de como as pessoas se interrelacionam e como cada sentimento gera um novo sentimento em um ciclo vicioso do tamanho de... Bom, um ciclo vicioso não precisa ter tamanho.
O fato é que a garotinha foi aprendendo a lidar com seus sentimentos e com os sentimentos alheios de uma forma toda especial, graças às historinhas que ouvia de sua mãe. Com elas, Renata aprendeu que quando alguém se sente mal, você deve dar apoio, oferecer o ombro amigo, aprendeu que você deve fazer sempre o que puder para ajudar e que a família é a solução para a maioria das chateações (a não ser quando é ela o motivo das chateações, mas isso é assunto para um outro post :x)...

- Mãe? Mamãe?
- Oi, Renata, tudo bem filha? Aconteceu alguma coisa? Você teve um pesadelo?
- Não, mamãe, eu queria saber o que acontece com ele depois. Ele fica bem?
- O que, Renata? Quem fica bem? Filha, já é tarde, você tem que dormir...
- Sim, mamãe, mas eu preciso saber se ele precisa de carinho, se eu posso ajudar. O Bambi, como ele fica sem a mamãe dele? Quem é que cuida dele?
- Ah, filhota, deita aqui do meu lado que eu vou te contar o resto da história para você poder dormir.
- Não, mami, se você me contar não vai ter historinha amanhã. Me conta quem cuida dele e eu vou dormir...

- Mãe? Mãe?
- Oi, Renata, você quer alguma coisa querida? Tá com sede? Quer ir ao banheiro?
- Não, mamãe, eu queria saber se o Pinóquio vira menino, porque é muito, muito triste querer ser menino e ser boneco.
- O Pinóquio, filha? Mas eu não te contei essa história ainda...
- Eu sei, mami, mas a tia da escola contou pra gente que ele é boneco e que está triste, porque não pode ser menino!
- Ok, princesa, pula aqui, vou te contar como o Pinóquio fica feliz com Gepeto.

- Mamiii?
- Oi, Renata, que foi filha?
- Mãe, se eu tiver um irmãozinho, ele não vai ser mal igual às irmãs da Cinderela, né?
- O que, Renata? Irmão, Cinderela... Ah, não, filha! Ele vai ser bem bonzinho e você vai ser bem boazinha com ele também.

Felizmente, Renata se preocupava com muito mais do que o final dos contos que ouvia, conseguia levar as lições das historinhas para seu dia a dia. Ela foi aprendendo, aos pouquinhos, que se preocupar era o primeiro passo para fazer diferença. E se interessava por tudo em que podia fazer mesmo alguma diferença. Se ela podia ajudar ou oferecer alguma melhora, lá estava ela. Renata era uma menina só, uma menina no meio de bilhões de pessoas. Uma pessoa que arranjou um jeitinho de ajudar no que fosse possível, ainda que não fosse muito. Renata era uma menina que resolveu que podia fazer a parte dela, independente de os outros fazerem ou não a deles.
Renata era uma menina que sabia fazer a diferença e gostava, porque não custava nada...
...Não custa nada. E se todo mundo puder ajudar um pouquinho, vai fazer a diferença em muita coisa e de muitos jeitos, para muita gente que precisa de um pouquinho de carinho ou de atenção. Porque fazer a diferença não é uma questão de responsabilidade individual qualquer, é uma responsabilidade individual de fazer bem ao coletivo. E no final das contas, cada um de nós é um pedaço desse todo, então quanto melhor para os outros, melhor para a gente. Vamos, nós também, levar as lições das nossas historinhas para além do imaginário... É muito fácil! A Renata ensina a gente! (;

{Renata é alguém que grita em algum lugar, bem fundo, dentro de mim. E que vai começar a participar do blog, porque já há muito tempo que ela pede para falar com vocês... :x}


domingo, 10 de outubro de 2010

A memória humana é um palimpsesto.

A memória humana é como um livro. Pois bem, imaginemos um caderno de 100 páginas. Você tem essas 100 páginas para escrever a sua história, a sua memória, ocupando todo o espaço de cada página. Você acha que cabe? Eu acho que não.
Por isso, nós selecionamos aquilo que há de mais importante para ser escrito... O que nos ensinou mais, o que significou mais, aquilo que nos faz bem, ou, ao menos, nos faz melhor. E as outras lembranças? A gente acaba nos desfazendo de algumas. Outras a gente escreve, mas depois apaga. Ou escreve por cima, porque às vezes, não queremos deixar de tê-las. Então a gente escolhe o que quer levar no nosso caderno, organiza um modo de dispor tudo isso nessas 100 páginas, lembrando de que sempre surgirão mais palavras para serem escritas.
Isso não quer dizer que nós esqueçamos o que já passou... E sim que nós sobrepomos nossas memórias, de modo que algumas ficam entocadas por anos (até  que por algum motivo voltemos para resgatá-las) ou para sempre (quando seu conteúdo não mais nos interessa ou quando não nos lembramos de visitá-las). A memória é um caderninho apagado várias vezes e reescrito outras tantas.
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

Machado de Assis
Existem várias provas disso. A resignação, o perdão, a superação... A gente esquece tanta coisa para garantir a harmonia no futuro... Ou não esquece, mas finge esquecer, ou ignora. Acho que nem tem nome para isso. Tem gente que passa por cada coisa... e mesmo assim vai vivendo. Mas nós somos assim, sempre dando a volta por cima. Até porque, se a gente se amarrasse às memórias, não ia conseguir tocar a vida. A gente ia viver numa caixinha com vários caderninhos escritos e só.
Então, no final das contas, a nossa vida depende mesmo é desse apagar e reescrever constante. Nós apagamos aquilo que nos faz mal. Porque, muitas vezes, nos desfazer de algumas memórias é o caminho para tornar possível novas situações ou então evitá-las. É isso que nos proporciona novos começos.
Mas também há muitas lembranças que escrevemos à caneta e que não há corretivo que apague: alguns bons momentos; alguns ruins, mas que nos ensinaram, ensinam e vão continuar ensinando, o que torna tê-los guardados tão importante. Há ainda, aquelas memórias que são recorrentes. Memórias que nós apagamos sempre, mas a reescrevemos também muitas vezes, e tantas vezes, que elas acabam por marcar a folha, ainda que apaguemos de novo. Então, de alguma forma, elas ficam lá... Mesmo com tantas outras coisas escritas por cima.
O que me incomoda nesse escrever e apagar, é aquilo que nós não conseguimos resgatar depois. Tem tanta passagem boa das nossas vidas que nós esquecemos. Tantos detalhes e tantos momentos que ficam lá, enterrados em algum lugar, embaixo de várias camadas de novas memórias e que nós não conseguimos acessar mais, mesmo sabendo que estão lá, com certeza, entre o papel e os anos mais recentes das nossas vidas. É chato perder tanta coisa boa...
Mas fazer o que? O nosso livro tem que continuar a ser escrito... Outras das nossas memórias têm que ser sobrepostas, algumas ainda vão perder lugar ou espaço, faz parte... A vida é assim, até que o nosso lápis acabe.