A ideia do blog é simples, criar um espaço em que eu possa falar sobre o que quiser e quando quiser, expor, analisar, comentar, reclamar, enfim, compartilhar com quem me acompanha tudo que eu achar relevante. Espero que vocês curtam o blog e participem. (:

terça-feira, 22 de março de 2011

Saudade...

Ah, saudade! Já escrevi sobre ter saudade aqui, e provavelmente vou escrever outras vezes, porque saudade, aaah a saudade. Atrevida essa senhora! Ela entra pela porta da frente, senta-se no sofá de nossas mentes, deita-se na cama de nossos corações, acomoda-se onde bem entende, sem ser convidada, sem dar satisfação. Ela vem, se instala, se instaura e espera... Espera até que tomemos a iniciativa de expulsá-la, expurgá-la de nossos seres e só então, finalmente, retomar a limpidez das nossas almas.
Dona Saudade é uma manchinha que aparece e a gente não repara. Porque no dia-a-dia, na correria, em meio ao trânsito, às aulas, ao trabalho, aos deveres diários, os afazeres comuns e ordinários, em meio a uma inspiração e outra, nos encontramos ocupados demais para limpá-la. E aí ela fica lá, meio esquecida, fingindo não ser vista. Vai sendo absorvida para cada vez mais fundo desse tecido nosso, que é a vida e vai se alastrando, tomando formas e dimensões inimagináveis. Odores, cores, sabores, barulhinhos e barunhões. Um perfume, um tom, um doce ou um salgadinho na ponta da língua, um sino, uma cantiga, uma buzina.
A Saudade é, por óbvio, muito sozinha e deve ser por causa disso que vai entrando e se alojando em qualquer espacinho que encontre. Acolhida mesmo, ela sabe que não vai ser nunca. Afinal, você, leitor, gosta de saudade? Pode até ser que você não odeie, que ache interessante passar uns dias longe, porque o contato, depois, fica todo especial... mais verdadeiro, mais espontâneo. Mas sentir saudade, saudade mesmo, daquelas fortes, coisa de três, quatro, seis ou doze meses de distância, dessa, tenho certeza, ninguém gosta e quem gosta de qualquer coisa parecida com esse vácuo que eu sinto depois de tanto tempo sem ter por perto as pessoas que eu amo, aprecio e admiro, ou não conhece esse sentimento devastador que é a saudade ou tem alguma coisa de muito, muito inorgânica correndo em suas veias, engrenagens, ou o quer que seja, que lhes componha.
Saudade é uma senhora idosa, antiga, velha mesmo. Vivida, sofrida, velha daquelas que batem o pé, dizem que ficam e pronto, velha ranzinza. Senta-se na cadeira de balanço da vida e espera a gente padecer enquanto ela se fortalece. Saudade é velha maldosa, se veste de ausências, se alimenta de despedidas e só descansa enquanto pensamos nela, conta lágrimas como se fossem carneirinhos e os sorrisos, ainda que sejam frutos de boas memórias, aumentam a velocidade do seu embalo e ela tira tudo isso de cada um dos seres da terra. Saudade é velha de guerra; veste todo dia uma falta diferente e é gorda de cada pessoa que se vai, para sempre ou temporariamente; sabe que enquanto houver uma criança longe dos pais, um casal separado por quaisquer circunstâncias, amigos em países, que seja, em cidades ou escolas e trabalhos diferentes, ela vai ter seu sustento. Senhora Saudade não perdoa, não perde nenhuma oportunidade de ser percebida. Saudade é uma senhora vaidosa e sabe que enquanto estiver sozinha, não importa quanto tempo seja ou em que lugar, sempre vai estar com alguém, ainda que ninguém esteja com ela.

Ah, saudade... Saudade, vai embora!?

sábado, 12 de março de 2011

Minha sorte invertida

Ficou esquisito o título do texto, mas é isso mesmo. Minha sorte só pode ser invertida, ou seja, o que costuma dar sorte pros outros me dá azar e o que geralmente dá azar, me dá sorte. Por exemplo,  ter o meu caminho cruzado por um gato preto nunca me deu azar, nem sorte, acho (bom, pelo menos nunca me ocorreu nada de ruim depois de um encontro com um gatinho, que me lembre, então mesmo que tenha acontecido, não foi nada grave). Já o encontro com um louva-deus, acabou com meu dia. Geralmente, um encontro com qualquer inseto acaba com meu dia, porque eu me assusto, logo no primeiro contato e já fico mau-humorada, mas hoje a situação extrapolou o convencional. Hoje eu vi três louva-deus. Louva-deus para quem não sabe do que se trata ou ainda não ligou o nome ao bichinho, é esse aqui:
Pois é, a minha teoria primária é que a sorte de um louva-deus deve ser anulada pelo segundo louva-deus do dia, mas por essa lógica, ter visto o inseto pela terceira vez teria me dado sorte novamente e como eu não posso afirmar isso ainda, porque vi o último há poucos minutos, quando fui entrar em casa e ele saltou da janela para o armário, me dando um susto, só vou saber se ele me deu sorte se tiver uma boa noite de sono, apesar do que aconteceu poucos minutos atrás.
Pois é, eu vi o meu primeiro louva-deus da noite num restaurante, esse deveria ter me dado sorte, mas dai vi o amiguinho dele no caminho até o estacionamento e isso deve ter me dado azar, porque saindo de lá tive uma conversa tensa com uma pesoa tensa de se ter uma conversa tensa, que acabou me deixando ansiosa demais para dormir e me fez vir escrever esse post esquisito, o que comprova a minha teoria de que louva-deus me dão azar, sejam sozinhos ou em dupla.
Pois bem, continuando minha tese da sorte invertida, queria dizer que pé de coelho, trevos de três folhas, ferraduras, talismãs e amuletos nunca me deram sorte e embora eu nunca tenha quebrado um espelho, nem, desde que me lembre, tenha passado em baixo de uma escada, nunca tive azar por andar de costas ou arrebentar a alcinha do chinelo.
Heeer... que confuso isso! Acho que acabei de alcançar uma nova conclusão. Na verdade eu não tenho a sorte investida, minha sorte simplesmente não existe e, por consequência, meu azar também não. Eu nasci sem sorte nem azar.Eu sou um ser humano normal, regra e não excessão.  Eu sou uma pessoa comum, com a sorte e o azar balanceados, o que dá no mesmo de não ter nenhum dos dois... mas não é tão mal assim. Tá, provavelmente, vou continuar sem ganhar prêmios, conseguir lugares bons em shows e ter contatos que arrangem entradas de graça ou beneficios legais em alguma coisa interessante. Mas, provavelmente, também não vou ter um péssimo dia toda vez que acordar com o pé esquerdo ou que achar uma moeda com a coroa para cima, o que já é uma vantagem... né?
Eu não sei mais do que eu estou falando, tá tocando "LOCA" aqui e comecei a pensar em como seria legal ser sortuda, para variar, e ganhar um ingresso para o show da Shakira, ou uma passagem só de ida para Floripa para assistir o show do Jack jonhson...  enfim, estava pensando no azar de não tê-los ganhado, o que no final das contas quer dizer que eu tenho os dois, sorte e azar, e que isso tudo é uma questão de perspectiva, o que, por sua vez, me lembra que eu comecei a escrever o post por causa de uma conversa tensa que tive sobre duas pessoas com perspectivas diferentes. E isso tudo me faz pensar que talvez, o melhor a fazer seja ir dormir e torcer para o terceiro louva-deus ter trazido sorte e eu conseguir dormir bem, acordar bem e ter um dia bom amanhã, apesar do desfecho tenso dessa sexta-feira.
Por isso eu vou dormir. Mas, antes, queria desejar que, se o terceiro louva-deus se provar um louva-deus de sorte, os japoneses vejam muitos, muitos louva-deus e que tenham muita força para enfrentar tudo o que eles estão passando desde ontem, a sexta-feira 11, deles, que foi ainda pior do a minha. #PrayForJapan
Agora sim, boa noite.
P.S.: Desculpem o post no-sense.

terça-feira, 8 de março de 2011

8 de março

Mulheres riem à toa, mas nunca choram sem um motivo, ainda que qualquer coisa seja motivo. Mulheres comem para se sentirem bem, bebem para se libertar e vão à academia para poderem comer e beber mais ainda. Elas querem se sentir bem, mas querem que todos saibam disso. Elas querem estar bonitas, mas só se houver quem possa dizer a elas. Mulheres não ficam de salto e batom vermelho em casa a não ser que haja excelente companhia. Elas cozinham para um, para dois ou para dez e ainda que cozinhar não seja sua maior especialidade, elas arranjam um jeito de servir o que há de melhor para quem quer que esteja sentado em sua sala, ainda que seja frango com quiabo. Mulheres se preocupam com o mundo, com as senhoras, com as crianças, com os senhores e com seus amantes. Elas se preocupam com o futuro, com o passado e se emocionam com o presente. Elas fazem planos e delegam um propósito a todas as suas escolhas, ainda que sejam propósitos incompreensíveis.
Mulheres não temem, ainda que demorem a descobrir sua coragem. Mulheres encaram desafios de cabeça erguida, saia, salto alto e hormônios à flor da pele, mais do que qualquer homem pode imaginar. Mulheres têm mais altos e baixos que adolescentes, têm mais vontades, desejos e incertezas, têm mais dúvidas e inseguranças e ainda assim conquistam mais espaço e respeito a cada dia.
Mulheres têm o estigma de conquistadoras, mas do que elas gostam mesmo é de serem conquistadas. Mulheres têm curvas, herança de Eva, de Hator, de Afrodite, Vênus ou de Lakshmi e têm o dom incrível de conseguir o que querem... Coincidência? Hahahaha.
Mulheres amam homens e amam mulheres e sempre amam muito. Mulheres sabem como fazer alguém se arrepender de ter mexido com elas, com seus filhos ou com seus amados. Mulheres protegem quem lhes é importante com sua vida, porque mulheres amam com todo coração e alma. Elas são consequentes e inconsequentes na medida mais equilibrada possível, elas medem cada passo e logo em seguida desrespeitam suas próprias medidas.
Mulheres não têm medidas, não têm limites e não têm moldura. Mulheres não se encaixam em nada, a não ser que queiram se encaixar. Mulheres falam dos limites dos outros e colocam molduras em si mesmas, mas elas sabem exatamente o quanto, de tudo o que dizem, é verdade. Mulheres não se enganam ou deixam enganar, porque lá no fundo sempre sabem o que está acontecendo.
Mulheres são e não são, deixam e não deixam, montam e desmontam, amam e desamam, fazem e desfazem, querem e não querem. Mulheres são perfeitas imperfeitas.
Não há palavras para descrever todas as mulheres. Porque têm tantas características gerais, quanto têm de particularidades. Sim, elas vão ao banheiro juntas, elas fofocam, adoram compras, salão de beleza e bebês (primeiro os dos outros, depois seus próprios); elas reclamam, planejam tudo e mudam de ideia o tempo todo, são ciumentas, provocadoras e tem TPM, elas têm dias ruis, fazem maus julgamentos e se deixam levar pelos sentimentos, mas elas consertam seus erros, admitem que erraram e melhoram todos os dias, mulheres não desistem. Elas são MULHERES todos os dias, independente de tudo o que aconteça e são impossíveis de resumir, de rotular ou de controlar. Elas são mulheres oras, o que mais precisa ser dito?

Feliz dia internacional da MULHER!

domingo, 6 de março de 2011

Renata II

Renata cansou. Cansou de concordar com tudo, de dizer que está tudo bem, de fingir que não viu e de olhar pro outro lado. Ela cansou de servir de exemplo, de ser o modelo e de ser o bode expiatório. Renata cansou de tudo. Cansou de ser tudo tão difícil quando podia ser bem mais fácil. E apesar de gostar do difícil e da inconstância de ser Renata, resolveu simplificar a busca pela felicidade, porque cansou de ser tão complicada.
Renata cansou de finalizar cada fase. Agora, prefere deixar guardados os pontos finais e os de exclamação e adotar mais pontos, vírgulas, interrogações e, quem diria, as reticências. Logo ela, que sempre detestou as reticências (não as escritas, mas as reticências da vida, aquelas que a gente coloca sem querer e não sabe quando vão ser retiradas). Renata cansou dos pontos porque detesta finais e exatamente por não simpatizar com eles, só os usa quando é a opção certa, com certeza. Renata sabe que tem que tomar decisões, mas cansou de tudo o que é definitivo. Renata prefere deixar a vida em suspenso até que tenha certeza de que depois do ponto final vai ter um "feliz para sempre", o que não quer dizer, que ela não seja feliz agora, ela é feliz o bastante, mas a final de contas não é para buscar a felicidade que vivemos? Renata sabe que o final depende dela e por isso prefere continuar a busca pelo ponto final perfeito.
Se Renata fosse mais decidida ou se tivesse algumas habilidades sociais mais avançadas talvez achasse esse ponto final mais rápido, ainda que fosse o ponto de um parágrafo, apenas, e que tivesse vários outros para escrever depois. Mas Renata cansou de ter pressa e prefere encher seu parágrafo de vírgulas, pelo menos por enquanto.
Renata é uma confusão pra ela e pros outros. Renata não se explica muito, por que nem ela se entende e não se estuda muito, porque se confunde, me confunde e se confunde comigo. Renata só sabe que tem que achar dentro dela um jeito de mudar alguma coisa, porque cansou. Cansou de ser quem esperam que ela seja e cansou de caber em todas as molduras em que a encaixam. Renata cansou de quem ela é, ainda que não saiba exatamente quem ou o que ela seja.
Renata cansou de ser feliz, mas não se sentir assim. Renata escreveu na sua parede: "Se não fosse eu, eu seria tão feliz."* e está de-ci-di-da a ser uma "eu" diferente só para ser bem mais feliz do que o "eu" que ela poderia ser se não fosse o "eu" que ela é.
Renata estava com saudade de vocês.

* Frase de Tati Bernardi.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A verdade sobre meu biscoito da sorte.

"Todo o pensar que transcende o momento apenas faz sofrer o coração."
Imaginem qual não foi minha surpresa ao constatar que, finalmente, um dos famosos biscoitos da sorte chineses tinha alguma coisa interessante e verdadeira para me dizer, na sexta feira passada.
O povo chinês que outrora se libertou graças à genial estratégia de mandar recados e planos dentro de bolinhos, me libertaram de ter que procurar uma resposta, quando era óbvio que eu já a conhecia.
É tudo muito claro. A frustração não tem nada a ver com falha, mas com a não concretização e uma coisa não está necessariamente ligada à outra. A gente vê nossos sonhos desmoronarem, algumas vezes, independente da nossa ação. Espera, não sei se estou sendo clara. O que quero dizer é que às vezes as nossas projeções não se concretizam independente do nosso esforço, então como nos culparmos por isso?
Eu percebi (não por causa do biscoitinho com a mensagem legal, na verdade ele só me motivou a escrever sobre um assunto que já era iminente), que várias das minhas idéias nos últimos dois anos não sairam do plano imaginário, não porque eu não tenha me empenhado em concretizá-los, mas porque não dependiam só da minha vontade. Dependiam de algumas circunstâncias futuras, de movimentação alheia, da boa vontade e da compreensão de terceiros. Algumas dependiam da economia mundial, outras de uma evolução mental dos meus pais maior do que a realidade pôde corresponder... hahaha.
Pois é, Algumas das minhas projeções de muito tempo atrás estão começando a tomar forma agora. Agora, mas um 'agora' a longo prazo. Agora daqui a alguns meses, agora no Rock in Rio (quem sabe), agora no final do ano, agora que eu tenho mais habilidade (habilidade requerida para algumas das minhas projeções) e agora que eu descobri como dar um empurrãozinho na percepção de mundo antiquada dos meus pais.
E lembrando agora quanto tempo eu já passei remoendo as “não conquistas” eu percebo que a minha frustração foi provocada por ninguém menos do que eu mesma. Eu planejei muito, sonhei alto demais e cobrei de todos e de tudo em volta de mim que minhas preposições se concretizassem, quando isso era impossível. Impossível, porque estavam deslocados no tempo, não era o momento delas... Porque não apareceu ninguém antes para me explicar isso?
"A vida e aquilo que acontece enquanto nos ocupamos fazendo planos para o futuro."
John Lennon