A ideia do blog é simples, criar um espaço em que eu possa falar sobre o que quiser e quando quiser, expor, analisar, comentar, reclamar, enfim, compartilhar com quem me acompanha tudo que eu achar relevante. Espero que vocês curtam o blog e participem. (:

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Renata V

Ela sempre soube que um dia ia estar assim, só nunca imaginou que seria num momento da vida em que sempre tinha se imaginado muito feliz. Ela nunca soube lidar com isso, porque sempre se preveniu, mas sabia que um dia o véu que tinha colocado sobre si ia acabar deixando alguma coisa penetrar. Ninguém disse que seria fácil, mas é muito mais difícil do que já tinha imaginado. Esse sentimento de impotência para com ela mesma, era o pior de aceitar.
Todo o tempo dedicado, todos os planos traçados, quando o objetivo já não existe parece quase impossível pensar em continuar.
Talvez fosse melhor mudar os motivos, tentar outros meios, desenhar uma nova linha de chegada. E ai, de repente, daria até para mudar as pessoas que te esperam lá na frente, desenhar uns corpos sem rostos, que importe eles sejam preenchidos com o tempo, depois que essa nova realidade perpetuasse e fizesse algum sentido.
Se as pessoas prontas para levantá-la ao chegar já exausta, fossem um tanto mais persistentes, um bocado mais permanentes, uma porção mais presentes... Se essas pessoas sorrissem quando ela chorasse, a abraçassem quando ela não tivesse mais forças, mostrassem a ela a importância que a presença deles tem. Se cada um deles pudesse mostrar pra ela que estava ali tudo que ela sempre procurou, e que aquela linha de chegada era onde começava uma outra corrida chamada felicidade.
Se tudo isso pudesse ser realidade, e se ao longo dos quilômetros os rostos conhecidos fossem se apagando, os sentimentos desmistificando, as inspirações mutando e a certeza chegando, se lá no meio do caminho esses rostos agora em branco fossem tomando formas, ganhando traços, se passassem a representar alguma coisa, para que no final, na reta de chegada, os rostos se tornassem vívidos e conhecidos, passassem a fazer algum sentido, para que os braços que a segurassem na chegada fossem sorrisos, que as palmas fossem um pedido, pra que ela não parasse nunca de tentar. Que a medalha e troféu fossem gritos, de alegria e incentivo, para que sempre antes do final, ela já pudesse pensar no próximo caminho.
Se fosse assim, ela nunca se sentiria só, suas lágrimas nunca seriam de tristeza, nem de decepção. Talvez de cansaço, mas nunca de redenção. Se ela pudesse desenhar esse cenário, e o fizesse bem, como nunca ninguém fez, se ela sentisse bem de dentro o que quer e soubesse bem o que fazer... Talvez ela não estivesse sozinha num pódio sombrio, em que ninguém aplaude, em que ninguém grita, em que ninguém sequer conhece essa menina. Se ela tivesse cativado, se ela tivesse sonhado, e conseguido trazer consigo alguns amigos a sonhar! Se ela soubesse que na corrida da vida ganha sempre quem mais se doar...