A ideia do blog é simples, criar um espaço em que eu possa falar sobre o que quiser e quando quiser, expor, analisar, comentar, reclamar, enfim, compartilhar com quem me acompanha tudo que eu achar relevante. Espero que vocês curtam o blog e participem. (:

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Manhã

Ah, hoje...
Hoje eu abri os olhos ainda era noite, me levantei ronceira, vi, embora com os olhos cerrados pela sensação da seca de que estavam cheios de areia, o cachorro enrolado como uma cascavel ao lado da cama, desviei faceiramente, para não acorda-lo, fui até o banheiro e, sem acender as luzes, escovei dentes, lavei o rosto. Me olhei no espelho, senti o incômodo de perceber que meu rosto de vinte e poucos anos está envelhecido pelos compromissos sem recompensas que atendo todos os dias. Desisti de ficar acordada.
Voltei pra cama, deitei sem entender o porque, afinal, não iria conseguir dormir mais, mas quando acordei duas horas depois, já era manhã e o dia ganhou um ânimo a mais.
Não precisei desviar do cachorro, que já me esperava na sala, fui até a cozinha fazer o café, um ovo e tapioca com queijo, comi com paciência, desfrutei o início daquela que seria só mais uma sexta feira.

sábado, 26 de maio de 2018

Carol - dia 91

Carol mudou-se de casa e de cidade, pela primeira vez, em uma tacada só.
O golpe pegou no estômago na primeira semana... aflorou a ansiedade de estar em uma cidade diferente, cheia de esquinas e sem muitos rostos conhecidos como companhia.
Depois de uns dias, as novidades eram menos importantes do que a dor no peito, a saudade apertava e só tinha dez dias de vida nova...
Casa organizada, ela já sabia, mais ou menos por volta do vigésimo dia, qual era o supermercado perto de casa onde as frutas e legumes eram mais frescos, onde a carne é menos cara, e o nome de um rosto, ou dois, daqueles que se vê no hall do condomínio, enquanto se espera o elevador.
O primeiro mês na selva de pedra foi comemorado com novos amigos, gente que se mudou também para viver uma experiência nova, longe das raízes, dos pais, dos amigos... gente que como Carol levanta todos os dias cedo, estuda, trabalha, dorme pouco, mas curte cada segundo, brinca nos poucos minutos entre um atendimento e outro, entre uma puxada de orelha e outra, canta no caminho pro hospital e na volta pra casa, canta alto, ri, extravasa!
Com quase cinquenta dias de grande São Paulo, Carol já escolhera o sushi (delivery) preferido.
Na 9ª semana, voltou, para visitar, a cidade natal, chorou na chegada, quase desmanchou na ida, mas já havia uma nova referência em seus dizeres quando se referia à "casa". Mas casa de mãe é sempre casa também e deu um quentinho no coração ouvi-la falar com tanta firmeza "lá em casa" se referindo ao cantinho dela num prédio lá no meio da capital paulista.
Por volta dos 90 dias de "lar doce lar" em novo endereço, Carol estava pronta para assumir novos riscos, já se sentia segura o suficiente, esticou as pernas tanto quanto foi possível e deu um passo enorme, apesar do trabalho que lhe consome tanta energia no hospital da residência, Carol assumiu um plantão em uma empresa, tudo novo...
conseguiu repor as borboletas no estômago.
As do estômago dela e as do nosso... 

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A pessoa diz “bom dia” pro vizinho no elevador, mas sai de casa sem despedir dos seus pais;
pergunta como o colega de trabalho está após uma semana importante no trabalho, mas não pergunta como se sente a irmã, que está trabalhando 8h por dia na empresa e cuidando do bebê de um ano e meio quando chega cansada em casa;
tira a bandeja do lanche na praça de alimentação do shopping, mas  em casa a mãe lava as louças do jantar sozinha todos os dias;
mesmo nos dias mais estressantes, trata estranhos na rua com gentileza, mas em casa não economiza grosserias e depois coloca a culpa no cansaço, pede desculpas e vai se deitar sem remorso;
a pessoa mede as palavras quando vai fazer críticas a um amigo ou parceiro no trabalho, mas fala pro marido que o conserto que ele tentou fazer no armário ficou “uma merda”;
para pra ouvir um estranho no bar, mas quando o filho chega triste da escola, porque um coleguinha chamou ele de bobo, diz pra ele deixar de frescura, que “isso não é nada”;

Conhece alguém como essa pessoa? 


Já reparou que quanto maior a intimidade que se tem com alguém, menor a paciência? Menos você pensa na reação que algum comentário vai causar, menos cortês é o tratamento em dias de estresse, mais despreocupado é o convívio...

É comum as pessoas acharem que na convivência íntima o outro sabe que é amado, que é querido e que é importante. E ai não se dedicam em demonstrar isso, ou acham 'ok' às vezes perder a cabeça...  Ter uma explosão de raiva com o filho, porque ele derrubou o prato no caminho até a pia depois do jantar, “acontece”.  Mas no trabalho pede “por favor” para a secretária “prestar um pouco mais de atenção no preenchimento da agenda” porque você atravessou a cidade na hora de pico do trânsito para uma reunião que era no dia seguinte. Pior que se fosse a esposa quem tivesse falado o dia errado de uma consulta médica (que ela teve a preocupação de marcar) ela teria recebido uma mensagem bem menos educada ou uma ligação rabugenta, que o fulano faz porque sabe que depois fazem as pazes.
Estranho.
Não que eu ache que devamos tratar os “estranhos” com menos paciência, gentileza, cortesia.
Mas não devíamos tratar com carinho quem nos recebe em casa todos os dias com amor? Não devíamos ter paciência extra com quem divide, a cama, a casa e a vida com a gente?
Devíamos exercitar a gentileza com os mais próximos de nós dez vezes mais fortemente do que com os outros.

Nunca sair sem dar um beijo e um abraço;

Se interessar em saber como anda a vida de quem gosta de nós e de quem gostamos;
Dividir tarefas;
Ter cuidado com as palavras, falar com amor e ouvir com carinho...

quinta-feira, 8 de março de 2018

8 de março

É uma delícia acordar num dia em que as pessoas te tratam com cortesia.
É gostoso receber o abraço do pai, do irmão, daqueles que a gente sente a verdade do carinho no toque.
É prazeroso receber flores na rua, e uma lembrança no local de trabalho.
Mas não é porque hoje é 8 de março.
É porque são gentilezas, carinhos e energias boas que gostaríamos de receber sempre.
Porque, na verdade, trocaríamos a rosa, distribuída no comércio hoje, pela liberdade de andar todos os dias nas nossas ruas sem sermos assediadas;
trocaríamos a homenagem em texto, sobre as mil e uma funções que a mulher desempenha na sociedade, enviada pelo patrão que reclama quando precisamos faltar um dia ao trabalho para acompanhar o filho doente ao médico, por simpatia;
trocaríamos a mensagem vaga de "parabéns pelo seu dia", nos grupos da família, pelo reconhecimento diário dos esforços que fazemos para manter a família unida e em harmonia;
trocaríamos o café na cama do dia das mulheres por noites bem dormidas, ainda que intercaladas, em que o pai cuidaria dos choros do bebê;
trocaríamos a maratona de programação sobre mulheres "super poderosas" na TV por credibilidade à nossa voz política; 
trocaríamos a música romântica de exaltação do feminino pelo direito de dançar do jeito que quiser;
trocaríamos os presentes mais caros pelo silêncio do seu julgamento desnecessário;
trocaríamos as mensagens de incentivo pelo reconhecimento monetário dos nossos esforços no trabalho;
trocaríamos o coffee break da empresa pelos créditos daquele projeto que fizemos e que o supervisor do núcleo assinou;
trocaríamos um dia inteiro de paparicação pela simples compreensão sua do que é um "não";
A única coisa que não trocaríamos é a luta, a perseverança, a força e o orgulho de sermos exatamente as mulheres que queremos ser.
Quanto a você, não precisa nos dar nada pelo dia de hoje, melhor entender que trocaríamos o hoje de injustiças por um amanhã de conquistas, para termos a segurança de andar de cabeça erguida sabendo que o nosso sexo não é uma armadilha.

Bom dia.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Sobre Carol

Tendo sido a primeira, do meu grupo mais íntimo de amigas, que saiu da casa dos pais, senti, ao ver a minha mais antiga amiga de infância indo morar sozinha, uma vontade incontrolável de dividir com ela, e com quem queira, algumas das alegrias e alguns pesares de sair do ninho.
Amiga, a intenção é que quando alguns desses sabores te visitar, seja doce ou amargo, seu coração não esteja só, e você se sinta amparada, porque todo mundo já passou por isso, ou vai passar, ou ao menos vai querer, depois de ler as maravilhas de ter um canto pra chamar de seu, por maior que seja a saudade do colo da mãe ou do aconchego nos braços do pai. Vamos sempre juntas.

Vai ter Diário de Carol.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A pior coisa que pode acontecer é você se acostumar a ser invisível aos atropelos da vida.
Com o tempo você se convence de que seria melhor mesmo que não fossem palpáveis as mágoas, as chagas, as vozes, alguns momentos, os sofrimentos.
Mas se nada de ruim é de verdade, também não são os rostos, os colos, os gostos.
As vezes a vida é feita de flores, as vezes de dores.
As vezes de solos, as vezes de encontros.
As vezes de monstros.
Importante mesmo é não acostumar a sentir-se desconfortável.
Não esmorecer.
Não deixar de ser.
Reaparecer.
Ser você.
Independentemente do que isso seja.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Procura-se um amor que goste de pessoas

Um amor que acalente.
Um amor que incendeie, mas não que não exploda.
Um amor honesto, mas principalmente, um amor sincero.
Insideout.
Um amor que sinceramente avalie as situações;
sinceramente busque resolver os contratempos;
sinceramente pretenda amar alguma pessoa.
Um amor disposto a ser amado.
Um amor que entenda experiências e sentimentos.
Que te incentive em direção à felicidade e te resguarde da tristeza.
Um amor que não espere que você se contente só porque ele voltou pra casa.
Um amor que não conte com a certeza de que você vai "abanar o rabo" todas as vezes que se virem,
(mas que saiba que você às vezes rosna, e às vezes morde!)
Enfim, nada de amor que goste de cachorro!
A gente merece uma pessoa que goste da gente!