Ah, hoje...
Hoje eu abri os olhos ainda era noite, me levantei ronceira, vi, embora com os olhos cerrados pela sensação da seca de que estavam cheios de areia, o cachorro enrolado como uma cascavel ao lado da cama, desviei faceiramente, para não acorda-lo, fui até o banheiro e, sem acender as luzes, escovei dentes, lavei o rosto. Me olhei no espelho, senti o incômodo de perceber que meu rosto de vinte e poucos anos está envelhecido pelos compromissos sem recompensas que atendo todos os dias. Desisti de ficar acordada.
Voltei pra cama, deitei sem entender o porque, afinal, não iria conseguir dormir mais, mas quando acordei duas horas depois, já era manhã e o dia ganhou um ânimo a mais.
Não precisei desviar do cachorro, que já me esperava na sala, fui até a cozinha fazer o café, um ovo e tapioca com queijo, comi com paciência, desfrutei o início daquela que seria só mais uma sexta feira.