A ideia do blog é simples, criar um espaço em que eu possa falar sobre o que quiser e quando quiser, expor, analisar, comentar, reclamar, enfim, compartilhar com quem me acompanha tudo que eu achar relevante. Espero que vocês curtam o blog e participem. (:

sábado, 26 de maio de 2018

Carol - dia 91

Carol mudou-se de casa e de cidade, pela primeira vez, em uma tacada só.
O golpe pegou no estômago na primeira semana... aflorou a ansiedade de estar em uma cidade diferente, cheia de esquinas e sem muitos rostos conhecidos como companhia.
Depois de uns dias, as novidades eram menos importantes do que a dor no peito, a saudade apertava e só tinha dez dias de vida nova...
Casa organizada, ela já sabia, mais ou menos por volta do vigésimo dia, qual era o supermercado perto de casa onde as frutas e legumes eram mais frescos, onde a carne é menos cara, e o nome de um rosto, ou dois, daqueles que se vê no hall do condomínio, enquanto se espera o elevador.
O primeiro mês na selva de pedra foi comemorado com novos amigos, gente que se mudou também para viver uma experiência nova, longe das raízes, dos pais, dos amigos... gente que como Carol levanta todos os dias cedo, estuda, trabalha, dorme pouco, mas curte cada segundo, brinca nos poucos minutos entre um atendimento e outro, entre uma puxada de orelha e outra, canta no caminho pro hospital e na volta pra casa, canta alto, ri, extravasa!
Com quase cinquenta dias de grande São Paulo, Carol já escolhera o sushi (delivery) preferido.
Na 9ª semana, voltou, para visitar, a cidade natal, chorou na chegada, quase desmanchou na ida, mas já havia uma nova referência em seus dizeres quando se referia à "casa". Mas casa de mãe é sempre casa também e deu um quentinho no coração ouvi-la falar com tanta firmeza "lá em casa" se referindo ao cantinho dela num prédio lá no meio da capital paulista.
Por volta dos 90 dias de "lar doce lar" em novo endereço, Carol estava pronta para assumir novos riscos, já se sentia segura o suficiente, esticou as pernas tanto quanto foi possível e deu um passo enorme, apesar do trabalho que lhe consome tanta energia no hospital da residência, Carol assumiu um plantão em uma empresa, tudo novo...
conseguiu repor as borboletas no estômago.
As do estômago dela e as do nosso... 

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A pessoa diz “bom dia” pro vizinho no elevador, mas sai de casa sem despedir dos seus pais;
pergunta como o colega de trabalho está após uma semana importante no trabalho, mas não pergunta como se sente a irmã, que está trabalhando 8h por dia na empresa e cuidando do bebê de um ano e meio quando chega cansada em casa;
tira a bandeja do lanche na praça de alimentação do shopping, mas  em casa a mãe lava as louças do jantar sozinha todos os dias;
mesmo nos dias mais estressantes, trata estranhos na rua com gentileza, mas em casa não economiza grosserias e depois coloca a culpa no cansaço, pede desculpas e vai se deitar sem remorso;
a pessoa mede as palavras quando vai fazer críticas a um amigo ou parceiro no trabalho, mas fala pro marido que o conserto que ele tentou fazer no armário ficou “uma merda”;
para pra ouvir um estranho no bar, mas quando o filho chega triste da escola, porque um coleguinha chamou ele de bobo, diz pra ele deixar de frescura, que “isso não é nada”;

Conhece alguém como essa pessoa? 


Já reparou que quanto maior a intimidade que se tem com alguém, menor a paciência? Menos você pensa na reação que algum comentário vai causar, menos cortês é o tratamento em dias de estresse, mais despreocupado é o convívio...

É comum as pessoas acharem que na convivência íntima o outro sabe que é amado, que é querido e que é importante. E ai não se dedicam em demonstrar isso, ou acham 'ok' às vezes perder a cabeça...  Ter uma explosão de raiva com o filho, porque ele derrubou o prato no caminho até a pia depois do jantar, “acontece”.  Mas no trabalho pede “por favor” para a secretária “prestar um pouco mais de atenção no preenchimento da agenda” porque você atravessou a cidade na hora de pico do trânsito para uma reunião que era no dia seguinte. Pior que se fosse a esposa quem tivesse falado o dia errado de uma consulta médica (que ela teve a preocupação de marcar) ela teria recebido uma mensagem bem menos educada ou uma ligação rabugenta, que o fulano faz porque sabe que depois fazem as pazes.
Estranho.
Não que eu ache que devamos tratar os “estranhos” com menos paciência, gentileza, cortesia.
Mas não devíamos tratar com carinho quem nos recebe em casa todos os dias com amor? Não devíamos ter paciência extra com quem divide, a cama, a casa e a vida com a gente?
Devíamos exercitar a gentileza com os mais próximos de nós dez vezes mais fortemente do que com os outros.

Nunca sair sem dar um beijo e um abraço;

Se interessar em saber como anda a vida de quem gosta de nós e de quem gostamos;
Dividir tarefas;
Ter cuidado com as palavras, falar com amor e ouvir com carinho...