
Renata hoje chegou a uma conclusão simples, porém inédita para si.
Percebeu que o mais legal de mudar não é a novidade, quer entender?
Mudança significa necessariamente inovação.
Inovar significa que alguma coisa deixa de ser o antigo e passa a ser novo.
Certo?
Errado.
Renata finalmente entendeu:
Quem muda é ela.
Tudo continua o mesmo.
Fazer as cruzadas no domingo de manhã sempre vai ser fazer as cruzadas no domingo de manhã, exceto porque Renata é uma hoje e outra do próximo domingo. Entende?
No último domingo Renata fazia as cruzadas a quatro mãos, agora faz a duas.
Ontem Renata dormia com quatro travesseiros e dois corações, agora dorme com dois travesseiros e o coração no mundo inteiro.
Hoje pela manhã Renata era uma, agora é uma Renata inovada, embora as cruzadas continuem sendo as cruzadas.
Ah, Renata, muda tudo! Mesmo que não mude nada!
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos, mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor
Sabe quando terminamos algo?
Não quer dizer necessariamente que é o fim, certo?
Terminamos um texto, mas não necessariamente a história;
Terminamos um curso, mas não terminamos os estudos sobre a matéria que ele abordava;
Terminamos uma fase, mas ai partimos pra outra que só existe por causa da anterior...
A vida costuma ser uma continuidade de atos e fatos e passagens, até que um dia acaba.
Não estou falando da morte, embora pudesse.
Estou falando de finais.
Eu gosto dessa distinção entre terminar e acabar.
Porque nós terminamos as coisas o tempo todo...
Mas quando alguma coisa ACABA, já era.
Porque acabar não depende da nossa vontade, é só fim, tchau.
Tchau.