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sexta-feira, 13 de maio de 2011

A primeira vez que ele disse "eu te amo".

A primeira vez que ele disse que me amava nós estávamos em um farol. Tudo em que conseguia me concentrar era o som do mar; toda aquela água e tanta força que não dá pra entender de onde vem, parecia que as pedras não iam suportar, mas suportavam.
Quase não tinha vento, só uma brisa gostosa vindo diagonalmente em nossa direção. Nos pés, a areia fofa e ainda aquecida pelos últimos raios de sol ajudavam a tornar aquele lugar um cenário perfeito para estar com quem se gosta.
Fim de tarde - já um anoitecer - eu quase não podia sentir meu coração batendo, de tão calmo. A respiração dele aos poucos foi ditando o ritmo da minha e nós éramos um, ainda que em dois corpos.
Faltavam poucos minutos para ascender a luz do farol e num acordo mudo, apesar do cansaço de um dia de turismo, decidimos esperar.
Uma gaiovota piou ao longe, me tirou da minha meditação, quase um transe. Acho que devia ter esperado por isso, mas quando ela piou de novo estava bem acima de nós, e foi um pio tão alto, que me assustou. Eu, inconscientemente, me atirei aos braços dele. Ele esticou seus braços e me envolveu em um abraço seguro, forte. Olhou nos meus olhos, sorriu e voltou a encarar os reflexos avermelhados na água do mar. já estava quase escuro, o que havia de luminosidade eram poucos resquícios de uma tarde linda.
Mais uns três minutos se passaram naquele abraço que poderia ser infinito. Surgiu no alto a primeira estrela e em um décimo de segundo a luz do farol iluminou o longe. Mais uma luz se acendeu, à base do farol uma janela ficou clara e depois se apagou.
Nós dois olhamos, esperando algum movimento, nada. Era cada vez mais confortável saber que estávamos sozinhos. Ele olhou para mim e enquanto me virava para encará-lo, senti que seu peito vibrava, sua resperação arfava e numa movimentação tímida ele tentava conter um impulso. Eu já sabia o que esperar. Seus olhos castanho-amarelados penetraram os meus na mais sincera tentativa de buscar algum consentimento. Eu sorri levemente, num repuxar involuntário de meus lábios, fechei os olhos e deixei que se aproximasse. Sua mão escorregou dos meus ombros, deixando a pele que antes tocava receber a brisa noturna, me fazendo arrepiar. Sua mão continuou descendo até alcançar a altura da cintura, num aperto sempre firme, com o qual ele me envolveu. Nossos corpos se tocaram frente a frente, transmitindo um calor ansioso da pele dele para a minha. Ele se inclinou de vagar, com uma das mão me sustentando às costas e a outra passeando em meu rosto, até que me puxando, levemente, tocou meus lábios com os seus.
Eu nunca senti nada como aquilo. A pressão dos lábios dele nos meus tinha a intensidade perfeita, a umidade, o calor, o amor. Foi nessa noite que ele disse que me amava pela primeira vez. E ele nem precisou de palavras. Depois dessa, que foi também a primeira vez que ele me beijou, ele reproduziu milhares de vezes aquele arrepio na minha espinha. E toda vez era como se fosse a primeira, a certeza de que a melhor coisa do mundo era estar ali.
Ainda me pergunto, às vezes, se, no fundo, eu não sempre soube que era ele o homem que eu amava. Apesar dos 17 anos que esperamos, a final, acabei casando com o amante perfeito, meu melhor amigo, que foi por tanto tempo, só o cara com quem eu adorava dividir meus momentos, assistir o pôr-do-sol e contar tantos segredos. Dezessete anos. Tudo isso, porque o amor precisa de tempo e não de palavras.

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