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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Alugo uma irmã.

Por quanto tempo você conseguir ficar com ela. Cobro o preço de ficar menos estressada por alguns dias, dificilmente, algumas semanas. Não permito a sublocação e desde que me devolvam-na tão saudável e chata quanto no ato do recebimento, não tenho mais nenhuma exigência. Não haverá cláusulas de rescisão de contrato.
Devo avisar, entretanto, que enquanto eu passarei os dias mais tranquilos dos meus últimos 15 anos, você, provavelmente, passará os dias mais estressados, irritantes e preocupados da sua vida, até que tenha filhos adolescentes, pelo menos.
Como você só deverá se interessar pelo negócio se não tiver irmãos, devo avisá-lo também de que vai ser uma experiência muito interessante, logo depois que acabar. Durante o tempo em que ela estiver em sua posse, com certeza você não achará tão curioso, mas saberá do que estou falando ao fim do prazo do contrato.
E, já que você nunca teve irmãos, deixarei um pequeno manual de como se trata os irmãos, ou, pelo menos, de como se trata a minha.
1º) A minha irmã é uma pessoa. Eu sei, inacreditável. Pois é, muito complicada, chata, irritante, teimosa, preguiçosa, lerda e sem iniciativa, mas é uma pessoa. Deve, portanto, ser tratada melhor do que você trata suas bonecas. Eu sei que vai ter horas em que você vai querer que ela vire uma marionete, só pra você poder escolher deixá-la quietinha em um canto, mas, como não vai acontecer, dica: melhor ter televisão no seu quarto;
2º) Ter uma irmã e ,mais do que isso, ser a irmã mais velha requer muita responsabilidade, principalmente com a minha irmã, porque ela não tem nenhuma, então você responde pelas duas, logo, antes de fechar o negócio, curta alguns dias de displicência;
3º) Para alugar a minha irmã e conseguir passar mais de 24 horas em sua posse, você precisa ser muito paciente e não se importar em ter que fazer tudo, treine isso com antecedência;
4º) Quando você sentir vontade de bater nela, me ligue imediatamente para providenciar a devolução. Só quem pode encostar um dedo nela sou eu, e como nem eu o faço, não vai ser você quem vai;
5º) Aprenda a ignorá-la. Ela sabe fazer isso perfeitamente e a não ser que você faça melhor que ela,  o nº4 irá acontecer mais rápido;
6º) Tranque o seu quarto na sua ausência. Eu não consegui adquirir esse hábito apesar da mais clara necessidade, mas te aconselho a se lembrar disso, porque em dois ou três dias você vai perceber que os itens do seu guarda-roupa, perfumes, utensílios de beleza, tais quais maquiagem e acessórios, vão, gradativamente, sumir de seus respectivos locais de armazenamento e, fica a dica, não será um duende escondendo as suas coisas;
7º) Prepare-se para rir, rir muito, de tudo. 80% do tempo em que vocês não estiverem brigando, se xingando, se odiando da boca para fora e querendo que a outra suma, vocês estarão rindo de si mesmas, da outra ou de alguma coisa que viram/fizeram/estragaram juntas, nos outros 20% vocês estarão se recuperando da crise de riso;
8º) Tente não se preocupar muito. É muito difícil, mas lembre-se de que eu, provavelmente, já estarei me descabelando de preocupação com ela, então abstenha-se de ter que ficar consternada por não saber onde ela está, quando ela não está ao alcance da sua vista;
9º) Busque a tranquilidade e em casos de emergência me ligue. Ainda que seu impulso de protegê-la seja muito, muito forte, dificilmente será o de sacrificar qualquer coisa por ela, como é o meu, então ela estará mais segura comigo.
10º) ...


...
Huuum, desculpem, retiro a proposta de negócio. Sei que vocês já estavam com sorrisos de orelha a orelha, doidos para terem a minha irmã um pouquinho, mas eu não consigo ficar longe dessa criatura nem por um dia, de modo que não poderei continuar com a oferta de aluguel. Infelizmente e contra qualquer senso lógico de autopreservação, preciso da chatice dela e das provocações, preciso das risadas e dos olhares de censura. Preciso tê-la por perto ainda que seja para querê-la longe. Eu preciso.
Sinto decepcioná-los.

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